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terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A dúvida hiperbólica

“Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia se senão mui duvidoso e incerto; de modo que me era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente desde os fundamentos”. Este apotegma desemboca no cogito cartesiano ("je pense, donc je suis", “cogito, ergo sum”, “penso, logo existo”). Com a duvida hiperbólica Descartes incita o homem a repensar todas as suas crenças, todo seu conhecimento, todos os princípios e valores, repensar sobre a própria existência; a dúvida é o começo da busca de uma conhecimento sólido, de uma certeza absoluta,  é o marco indicador para corroborar-mos que não tínhamos certeza de nossas “certezas”. A dúvida, quando tratada com seriedade, traz ratificações apodíticas, axiomáticas. Vamos contextualizar essa dúvida? É comum, hodierno, ouvirmos frases como “tudo está bem/bom”, “se melhorar, estraga”. No entanto, frases como “a educaçao deveria melhorar”, “falta melhor atendimento nos postos médicos”, “a violência está em toda parte”, falta saneamento básico na ‘minha’ rua”, “meu bairro está no escuro”, “tenho que acordar as 5h da manhã para encher meus recipientes com água”. Ora, aquelas primeiras frases fora sepultadas por estas. Então vamos interrogar-nos: “será que a verbas são aplicadas regulamente conforme deve (ria) ser?”, “será que aqueles indivíduos que eu elegi nas urnas estão mesmo cumprindo com suas incumbências?”, “será que os projetos tendem a solucionar aqueles problemas?”, “será que há preocupação do legislativo e do executivo para o meio ambiente?”. Vamos continuar! :  “será que eu cobro melhorias nessas áreas da adimistração pública?”, “será que eu zelo pela minha rua?”, “será que eu denuncio quando vejo meliante (s) agindo de violência contra outra pessoa?”, “será que eu denuncio quando vejo vândalo (s) quebrando as lâmpadas dos postes?”, “será que eu me preocupo com meu bairro, com meu município, com meu Estado, com meu país?” ou será que acreditamos que eles não estão interligados entre si e com o mundo? Ou será que ficamos nos lamentando perantes aqueles problemas? Ou será que eu vou para a igreja curvar meus jelhos e rezar para que Deus venha fazer nossa função? Será que ao acordar só tomamos nosso café da manhã e vamos para nosso trabalho convencional ou ficamos em casa organizando-a ou vendo tv ou ouvindo no rádio mais um programa musical sem fazermos aquilo que Sócrates falou: examinar nossa vida e nossas ações é primordial para o homem?. esse exercício é uma das vias para sermos o homem político de Aristóteles (se bem que o termo político ganhou um concepção nada digna para sua etimologia) Qual é meu ofício como ser político (sentido grego), gregário, racional, capaz de fazer-se existir através do pensamento? Qual meu papel como cidadão, residente em um lugar determinado no mundo, participante eleitoral das atividades políticas (sentido partidário)?
Descartes resgatou, com a duvida metódica e com o cogito, o homem da alegoria platônica. Acordou a sociendade do “sono dogmático” (Kant). Mas este sono parece que soprou sua névoa sobre a sociedade contemporãnea (acredita-se que é a sociedade digital), pois o “grande irmão” está em todos os lugares,  a alienação  ergue suas torres em todos os palanques e altares e a pobreza e o meio ambiente são salvações políticas e religiosas. Sabemos que o mundo não é uma “nova atlãntida” (Bacon) nem “a cidade do sol” (Campanela). Bom! Ele não é utopia, mas está parecendo a “caverna” (Platão).
Costumamos sonhar muito. Sonhos bons. Então vamos sonhar um pouco: como seria bom se fizessemos “a corrente do bem” (filme) e aceditarmos que atravéz nossas ações, de nossas indagações, de nossa vontade, de nossa presença na cidade, no Estado, no país junto aos poderes públicos, que com o reconhecimento de nosso cogito somos capazes de ou solucionar ou atenuar aqueles problemas. Talves assim chegemos seguindo “o percurso do reconhecimento” (Paul Ricoeur) a banir “o socius e o proximus” (iden) e trazer para imperar no mudo o “eu e tu” (Martin Buber) cientes de que o “humanismo de outro homem” (Levinas) e o “si-mesmo-como-um-outro” (Paul Ricoeur) podem viver sem a influencia do “homem revoltado” (Albert Camus) sem perder “a condiçao humana” (Hanna Arrendt).










O Movimento.

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