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domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sobre a má distribuição do poder político

Como já afirmamos na postagem intitulada “Ah, a Política!”, o poder político e – não por acaso – o poder econômico são monopolizados por uma felizarda minoria. Ou seja, ambos os poderes (político e econômico) são mal distribuídos.
Já não é nenhuma novidade afirmar que vivemos em uma sociedade na qual a má distribuição de renda apresenta índices alarmantes e expõe grande parte da população à mais abjeta miséria, enquanto uma meia dúzia de cidadãos esbanja com futilidades. Contudo, não é muito comum ouvirmos a respeito da má distribuição do poder político. Isso mesmo: MÁ DISTRIBUIÇÃO DO PODER POLÍTICO!
No regime político democrático, o povo é o detentor soberano do poder político, e tal poder é distribuído em partes iguais entre os cidadãos integrantes daquele povo. Este raciocínio se opera no plano teórico. Porém, o que a experiência histórica e a atual situação do nosso país/estado/município tem nos mostrado é que o poder político – tanto quanto o econômico – concentra-se nas mãos de poucos.
Considero, no entanto, que as causas da má distribuição do poder econômico diferem das causas da má distribuição do poder político, embora haja entre elas intrínseca ligação. Vejamos, então, quais são estas causas e de que forma podemos combatê-las.
Enquanto a má distribuição do poder econômico decorre principalmente do tratamento jurídico dispensado à propriedade privada no sistema econômico capitalista, dentre inúmeros outros fatores (e isto já seria objeto de uma postagem específica), a má distribuição do poder político tem sua origem na abstenção política, uma vez que o ato de abster-se equivale à assinatura de um cheque em branco.
Aprendemos desde cedo nas aulas de física que, segundo a Lei da Conservação das Massas, também conhecida como Lei de Lavoisier, na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Diria que, no âmbito das relações de poder, este nunca se perde, pois pode ser facilmente transferido. Dessa forma, se eu, por algum motivo (desídia, temor a represálias, venda de voto etc.), não exerço o meu poder político, há quem o exerça por mim – mas não em meu favor ou em favor da coletividade. Pelo contrário. Os usurpadores do poder político alheio utilizam o poder usurpado em benefício próprio e em detrimento do interesse público. Por isso os políticos corruptos e as demais pessoas que se beneficiam da corrupção fazem questão de que o povo sinta aversão a assuntos políticos.
Observe que a mídia divulga, quase diariamente, grandes escândalos envolvendo vereadores, prefeitos, deputados, senadores, governadores e até mesmo o Presidente da República. Poderíamos até considerar louvável a atitude de trazer a claro a ocorrência destes tristes eventos. Entretanto, o discurso midiático se restringe à mera narração sensacionalista e/ou caricaturesca dos fatos e, no mais das vezes, acaba por transformar tais fatos em grandes piadas de repercussão nacional (Casseta & Planeta que o diga).
Os grandes veículos de comunicação não se preocupam em conscientizar o telespectador/ouvinte/leitor sobre as causas e consequências da corrupção, sobre como combatê-la e sobre a importância deste combate. E isso não é obra do acaso. No Brasil, a maior parte das concessões de TV e rádio são titularizadas por parlamentares ou por pessoas de sua confiança, vale dizer, paus-mandados.
Portanto, a mensagem que fica é: NÃO PODEMOS NOS DEIXAR MANIPULAR. Os políticos corruptos e a mídia por eles controlada querem que nós acreditemos que o país está perdido, que não há mais remédio, que não existem mais pessoas justas e honestas na política. Se acreditarmos nisso, deixaremos de lutar por nossos direitos e entregaremos a eles, de mão beijada, o poder políticos que possuímos.
Se você conhece alguém que enche a boca e se orgulha ao dizer que não gosta de política, diga a esse alguém que ele caiu como uma ovelha perdida na armadilha montada pelos políticos mal intencionados; e se ele estiver disposto a se livrar dessa cilada e se juntar a nós, diga a ele que iremos juntos reconquistar o poder que ele entregou a quem não merecia. Afinal, O Movimento foi criado para combater tudo aquilo que se mostre contrário à consolidação da democracia no nosso município, e um dos nossos principais adversários é justamente a má distribuição do poder político.

Um comentário:

  1. Excelente texto, penso que em nossa cidade o poder está "começando" a se concentrar a níveis alarmantes.
    Acredito no Movimento como uma via para melhorar essa situação

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